quarta-feira, 20 de julho de 2011

INVENÇÕES BRASILEIRAS E O DESCASO

Outro dia eu estava futucando o controle da TV e um programa do SBT (Ratinho) me chamou a atenção, sobre um jogo de perguntas do tipo falso ou verdadeiro e por acaso uma pergunta me chamou a atenção: “O italiano Guglielmo Marconi foi o inventor do rádio”. Imediatamente gritei bem alto: FALSO!!!. Para a minha surpresa a resposta era “VERDADEIRO”. Fiquei muito indignado e só não quebrei a TV porque ainda estou pagando as prestações.
Posso até aceitar que os brasileiros não conhecem os grandes inventores do seu País, mas uma emissora de TV colaborar com isto, eu não aceito. O problema principal é que colocam qualquer um para trabalhar nessa área dita como fonte de cultura.
Com certeza eles nunca ouviram falar do brasileiro Padre Landell de Moura(*1), que por acaso é o inventor do rádio e também projetou a televisão. A direção do programa talvez não saiba que a primeira transmissão de um radiotransmissor foi feita em São Paulo entre o bairro de Santana e a Av. Paulista (8 km) e que fora registrado por toda a imprensa, patenteado no Brasil e nos EUA, isso em 1872. Somente dois anos depois, em 1874, é que Marconi, na Itália, mostrou o seu protótipo.  E para monstrar que os brasileiros não conhecem os seus “gênios” e valorizam os estrangeiros, existe apenas uma rua com o nome do inventor do rádio: rua Padre Landell de Moura, no bairro de Vila Formosa em São Paulo e 3 ruas com o nome de Guglielmo Marconi, em Curitiba, Osasco e Taubaté.
      
Bem, pelo menos os Correios lembraram e criaram neste ano de 2011 um selo comemorativo aos 150 anos do nascimento do inventor do rádio, o Padre Landell de Moura.

Outra injustiça que o Brasil comete contra os seus talentos, ou talvez abusar da falta de memória, é sobre outro padre brasileiro que inventou a máquina de escrever. Pois é... foi o Padre Francisco João de Azevedo (*2) quem exibiu na Exposição Geral do Império, no Rio de Janeiro em 1861, a primeira máquina de escrever, onde recebeu a medalha de ouro dentre milhares de objetos apresentados. No ano seguinte na Exposição Internacional de Londres o Padre Azevedo não pode expor o seu invento porque não tinha espaço para este brasileiro nascido na Paraíba. Desiludido, o padre envelheceu vendo o seu invento sendo copiado por estrangeiros. Esqueceram a patente brasileira e deram como inventor da máquina de escrever ao norte-americano Willian Burt, muito estranhamente, 32 anos depois, em 1893, e mesmo assim numa reconstrução pós-morte. O que também não faz muito sentido porque em 1874, 9 anos antes, outro plagiador norte-americano Cristofer Sholes vendeu a patente de um modelo idêntico ao do brasileiro à fábrica Remington que dispenso comentários quanto ao sucesso.

Já que estou falando em padres, também quase foi esquecido o Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão (*3), nascido em Santos. Desde muito jovem já era mundialmente famoso pela inteligência extraordinária, é considerado a mais bela página da aeronáutica mundial ao inventar e patentear o aeróstato (balão de ar quente), que foi demonstrado no Terreiro do Paço em Lisboa em 1709. Porém, dois anos antes havia registrado outro invento: fazer subir água a toda distância e a qualquer altura, sendo a primeira invenção atribuída a um brasileiro. E o mais interessante foi outro invento deste brasileiro, registrado na Holanda em 1713, de uma máquina para drenar água dos navios. Esta patente só veio a público em 2004 quando na ocasião da vinda da Espanha dos restos mortais do Padre Bartolomeu de Gusmão para a Catedral Metropolitana de São Paulo.


Existem muitos outros gênios brasileiros desconhecidos do próprio brasileiro. Como um bom exemplo Manoel Dias de Abreu(*4) (abreugrafia – 1936 , conhecida Rao X do pulmão) que fora indicado cinco vezes ao prêmio Nobel. Temos também o Júlio Cesar Ribeiro de Souza(*5) que inventou e patenteou o dirigível em 1880, mas estranhamente atribuído o invento a Charles Renard e Arthur Krebs, numa patente na França 3 anos depois. Temos ainda o Hercules Florence(*6), francês radicado em Campinas que inventou a fotografia em 1832 e se desiludiu quando foi atribuído o invento da fotografia aos franceses Daguerre e Niépse três anos depois. Não podemos deixar de comentar também sobre Nélio Nicolai(*7) que inventou o bina ou identificador de chamadas telefônicas em 1982, o que espero não ficar desconhecido como os outros.

Mas nem tudo está esquecido pelos brasileiros. O mais conhecido internacionalmente inventor brasileiro: Alberto Santos Dumont(*8), o inventor do relógio de pulso.


Bravo! Bravo! Heeeeeeeee!! Brasil! Brasil! Brasil!!!


Nota: Acabo de consultar o Wikipédia para ter a certeza deste invento e lá consta que em 1814 o relojoeiro Abraham Breguet fez o primeiro relógio de pulso sob encomenda de Cardina Murat, irmã de Napoleão Bonaparte. Também atribuído o invento a Athoni Patek e Adrien Phillipe em 1868. Cita o Wikipédia que Santos Dumont é apenas o responsável pela popularização do relógio de pulso e afirma que foi o seu amigo Louis Cartier quem o presenteou em 1904 e mesmo assim como modelo feminino.


Pelo andar das coisas é melhor continuarmos brigando pela rapadura(*9) que foi patenteada em 1989 na Alemanha e 1995 nos EUA pela empresa Rapunzel Naturkost o que obriga o Brasil a pagar os justos e merecidos royaities ao estrangeiro dono da marca.

Afinal... “a rapadura é doce, mas não é mole não”.

Obrigado a todos e que tenham um dia bem doce.



*1 – Padre Landell de Moura – (1861 – 1928) nascido em Porto Alegre - RS
*2 – Padre Francisco João de Azevedo – (1814 – 1880) nascido na Paraíba
*3 – Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão – (1685 – 1724) nascido em Santos –SP
*4 – Doutor Manoel Dias de Abreu – (1894 – 1962) nascido no Rio de Janeiro
*5 – Julio Cezar Ribeiro de Souza – (1843 – 1887) nascido em Acará –PA
*6 – Antonie Herculle Romuald Florence – (1804 – 1899) nascido em Nice –FR e radicado no Brasil com o nome de Hércules Florence
*7 – Nélio José Nicolai – nascido em 1940 em Belo Horizonte –MG
*8 – Alberto Santos Dumont – (1873 – 1932) nascido em Palmira –MG (hoje município de Santos Dumont)
*9 – Rapadura – Doce secular do nordeste brasileiro de origem ainda em dúvidas: Açores (PT) ou Canárias (ES)



Um comentário:

  1. Realmente é muito triste que os brasileiros não conheçam esses inventores, é tão chato ver outros levarem merito por algo que fizemos e nem reconhecemos. Estava pesquisando para um trabalho de sala e são muitos inventores desconhecidos.

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