A COLONIZAÇÃO HOLANDESA NO BRASIL
NÃO FOI COMO DIZEM
Muitas são as vezes
em que ouve-se dizer, no Brasil, fatos que não existem na sua história ou mesmo
os distorce e acabam em bordões que não fazem sentido algum: “A culpa é do
Cabral”, “Os portugueses roubaram o ouro do povo brasileiro”, “O atraso atual
deve-se ao tipo de colonização adotada por Portugal”, “Os jesuítas vieram para
escravizar os índios”... E o mais estranho de todos: “Se o Brasil fosse colonizado pelos holandeses, hoje seria igual aos
Estados Unidos ou Europa”.
A bem da verdade, os
brasileiros são na maioria alienados pelo sistema educacional anticatólico e
antiportuguês. Essa afirmação sobre os holandeses mostra um total
desconhecimento da sua história ou interpretação errada, e vezes, com
interesses escusos para evitar as verdades.
Os holandeses eram praticamente
piratas, e fizeram o nordeste brasileiro virar um inferno durante os 30 anos
que estiveram no Brasil. O povo se revoltou tanto contra as atrocidades deles
que pegaram em armas e expulsaram esses piratas invasores na famosa batalha de Guararapes.
Os brasileiros geralmente afirmam que
a colonização holandesa, mesmo comparando com as outras colônias europeias da
região, foi melhor do que a portuguesa. Terá isto sido realmente verdadeiro? Ou
será que não passa de uma fantasia que alimenta o desconhecimento.
É bem curioso quando falam da
colonização holandesa, ocorrido entre 1630 e 1654 e exaltam a figura de
Maurício de Nassau, que governou e nomeou estas regiões de “Nova Holanda”. Mais ainda, ostentam em frente ao Palácio do
Governo de Pernambuco a sua estátua (foto) numa praça
estranhamente batizada de “República”.
Maurício de Nassau
Praça da República –
Recife - PE
Antes da fantasia romântica, é
necessária uma análise da forma como ocorreu esta colonização. Há de se colocar
como primordial a guerra luso-holandesa. Ou seja: a Holanda estava a aproveitar
de forma suja e oportunista a fraqueza de Portugal sob possessão da Espanha
(1580 a 1640) ao atacar todos os pontos do seu império marítimo. Certamente
isto influenciou de alguma maneira a colonização holandesa, afinal a sua
estratégia era formar uma base militar bem no meio na zona de conflito. Mas
para isso seria necessário a construção de estradas, pontes e fortificações
para movimentação e manutenção de suas tropas. Sim, a Holanda investiu de fato
na região e por que não dizer que até houve algum desenvolvimento por menor que
seja. Mas, tem que se levar em consideração que este desenvolvimento no
território brasileiro tinha, acima de tudo, fomentar e satisfazer os esforços
de guerra do governo holandês.
Invasão holandesa em Pernambuco
As más línguas desprovidas de
conhecimento argumentam que a colonização holandesa foi melhor que a portuguesa
devido a uma tolerância com os nativos. Mas esta afirmação desaba quando
esquece que os Jesuítas estavam bem a frente desenvolvendo iniciativas de
proteção dos índios. Vê-se nitidamente na história que foram os Jesuítas,
durante muitos anos, a barreira que impedia a destruição dos povoamentos
indígenas.
É importante ressaltar que os fatos mostram que o governo holandês não estava interessado no desenvolvimento de
uma possível colônia holandesa no Brasil. O ápice do seu plano invasor era
transformar a “Nova Holanda” numa base militar. Esse interesse holandês era tão
estapafúrdio que o próprio governador desta colônia, Maurício de Nassau, não
concordou e foi contra esses intentos. Decidiu, por conta própria desenvolver
economicamente a “Nova Holanda” dotando-a de infraestruturas materiais
compatíveis com o local.
Essa ousadia lhe custou o cargo de
governador. Foi demitido, pelo governo holandês, por incompetência. Sim, os
registros mostram a palavra “incompetência”, afinal, as ordens eram para
fortificação militar a qualquer preço e não o desenvolvimento econômico.
Maurício de Nassau
Uma questão pertinente que não pode
ficar esquecida é o método de colonização normalmente adotado pelos holandeses:
“exploração intensiva e abusiva”. Os lucros eram 100% revertidos para a metrópole
Holanda onde fez fortuna obscena em terras que não eram suas. A colônia nada
recebia em troca.
Alguns menos informados afirmam que
Portugal “roubou” o ouro do Brasil – mesmo este ser terras portuguesas. São
esses desprovidos de conhecimento histórico que ocultam a grande riqueza das
capitanias do centro-sul do Brasil. Foi esse ouro o responsável pelo
desenvolvimento do Brasil na época. Somente uma parte desse ouro chegou efetivamente
a Portugal, um quinto. É fácil atestar para onde foram os outros 80%. Foi a
infraestrutura e a construção de inúmeros edifícios que fizeram a constituição
do Brasil um território articulado, coerente e desenvolvido.
Ao contrário, a Holanda retirava os altíssimos
lucros dos principais recursos e canalizava-os exclusivamente para si e
aplicava-os em nada referente as suas colônias.
Mesmo levando um pontapé no traseiro,
na batalha dos Guararapes, os holandeses não insistiram no território
brasileiro porque encontrou terras mais lucrativas nas Antilhas, algo que
prejudicou e atrasou o ciclo de açúcar brasileiro.
Batalha dos Guararapes
Oras, se fosse verdade que a Holanda
realmente tinha interesses em agradar o Brasil, como alguns defendem, por que
razão abandonou após encontrar terras economicamente mais promissoras?
A resposta é óbvia e conclusiva: “A
Holanda não tinha uma ligação cultural e civilizacional profunda com o
território brasileiro, apenas uma conveniente e estreita ligação económica”.
Urge se inteirar e interpretar melhor
a história antes mesmo de divulgar ou disseminar falácias.
Luiz Gonçalves
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